OS PORTUGUESES TERÃO SIDO MAIS BRANDOS E MENOS RACISTAS DO QUE AS OUTRAS POTÊNCIAS COLONIAIS?
«Porque não aprendemos na escola que existiu em Angola e em Moçambique um apartheid alimentado por Portugal, a potência que não hesitou em promover o trabalho escravo até 1974? Vamos perpetuar a narrativa de um colonizador que não discriminava porque se miscigenou com as populações locais, quando sabemos que as obrigava a despir‑se da sua identidade africana, a mudar de nome, a alisar o cabelo ou a obliterar a sua língua? Até quando iremos contribuir para uma mentalidade acrítica sobre um dos fenómenos mais violentos da nossa história? Finalmente: o que revela esta perspectiva de brandura de olhar sobre nós próprios, portugueses?»
A partir de inúmeras entrevistas feitas em Angola, Guiné‑Bissau, Cabo Verde, Moçambique e São Tomé e Príncipe, Joana Gorjão Henriques desconstrói o tema tabu do racismo no colonialismo português.