PRIMOS DA AMÉRICA

Ferreira Fernandes

Com as eleições presidenciais americanas à porta, a colecção de Carlos Vaz Marques sugere uma viagem à América dos portugueses. Gerações de famílias originárias de Portugal, que ajudaram a construir os Estados Unidos e que forjaram uma identidade própria, tornando-se nesse processo — conquistado à custa de espírito de sacrifício e trabalho árduo — os nossos primos da América.

«No Outono de 1990, viajei pelos Estados Unidos por puro prazer. Foi então que compreendi que ninguém podia visitar a América pela primeira vez. A todo o passo assaltou-me a memória de outras viagens, folheando livros, frequentando salas de cinema. Essa minha América, minha, foi o pano de fundo. […] Em San Diego, o boné redondo e branco de um marujo, com palmeiras ao fundo; em Monterey, os cromados de um Chevrolet «Bel Air», 1958; uma flor de hibisco caída no solo negro do Havai; uns garotos a jogar basquete numa quadra de tijolos vermelhos, em Newark; a névoa saindo de um bueiro em Manhattan… Tudo reencontros com lugares onde nunca estivera.
Com esse meu lastro, persegui a América dos outros. A América dos luso-americanos.» — Ferreira Fernandes

TINTA DA CHINA

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Com as eleições presidenciais americanas à porta, a colecção de Carlos Vaz Marques sugere uma viagem à América dos portugueses. Gerações de famílias originárias de Portugal, que ajudaram a construir os Estados Unidos e que forjaram uma identidade própria, tornando-se nesse processo — conquistado à custa de espírito de sacrifício e trabalho árduo — os nossos primos da América.

«No Outono de 1990, viajei pelos Estados Unidos por puro prazer. Foi então que compreendi que ninguém podia visitar a América pela primeira vez. A todo o passo assaltou-me a memória de outras viagens, folheando livros, frequentando salas de cinema. Essa minha América, minha, foi o pano de fundo. […] Em San Diego, o boné redondo e branco de um marujo, com palmeiras ao fundo; em Monterey, os cromados de um Chevrolet «Bel Air», 1958; uma flor de hibisco caída no solo negro do Havai; uns garotos a jogar basquete numa quadra de tijolos vermelhos, em Newark; a névoa saindo de um bueiro em Manhattan… Tudo reencontros com lugares onde nunca estivera.
Com esse meu lastro, persegui a América dos outros. A América dos luso-americanos.» — Ferreira Fernandes