Um professor universitário, John, recebe uma aluna, Carol, que quer comunicar‑lhe as suas dificuldades de aprendizagem. Ela precisa de atenção, de ajuda, mas percebemos que o professor está mais preocupado com outros assuntos: uma nomeação definitiva ainda não confirmada e uma confortável casa nova que está a comprar. Não tem por isso tempo para ser útil à estudante, e talvez nem tenha vontade. Do primeiro para o segundo encontro, sempre no mesmo gabinete, e ainda mais do segundo para o terceiro, a situação altera‑se consideravelmente. Em vez de se entregar a teorias provocatórias e gratuitas sobre a educação, John tem de se defender de um conjunto de queixas que Carol entretanto apresentou. E essas acusações, parcialmente verdadeiras e parcialmente inquisitoriais, reconfiguram os jogos de poder e os jogos de linguagem entre ele e ela.
«Quando declarou que tinha escrito uma ‘tragédia sobre o poder’, Mamet sublinhou, com razão, que a diferença entre o professor e a aluna é tanto de género como de estatuto. E que essa diferença de estatuto também depende da competência linguística. […] John e Carol falam incessantemente, mas não há comunicação entre eles, nem há como tomar partido. Como bem dizia o cartaz da adaptação cinematográfica de Oleanna, ‘seja qual for o lado que escolha, está errado’.»
— Pedro Mexia