Proveniente de várias longitudes, Miguel Gullander é um desses distintos cidadãos que vivem a vida com a magia de ser ao mesmo tempo contestador e reconciliador.
Testemunhando miséria e guerra, paixão e traição, faz regularmente detonar uma ensurdecedora explosão sem som, dela desabrochando amor onde dantes só se supunha crescer dor.
Seja de uma planície de pântanos, seja dos confins do íntimo, ou de um oceano de pedras, ecoa em cada página do livro a soberba fala do feiticeiro como testemunho de vozes já partidas, que se sobrepõe e ultrapassa a constatação e a explicação.
Revelando um modelo e uma dinâmica própria de narração, um feitiço em si, Gullander produz uma escrita que seduz.
Abdulai Sila (Guiné Bissau)
