Estranha forma de vida

Enrique Vila-Matas

Cyrano — assim o chamam aqueles que com ele têm confiança por causa do seu exagerado nariz — é escritor de ofício e herdeiro do incontido afeto pela espionagem que, durante gerações, foi cultivado na família. Vigia os vizinhos do bairro para documentar a novela em que está a trabalhar e investiga as semelhanças entre a escrita e a arte de averiguar. Ao mesmo tempo, regressa uma e outra vez àquele que foi o dia mais importante da sua vida, aquele em que teve de escolher entre um amor eterno e um passageiro, entre uma existência conservadora e uma outra, extraordinariamente revolucionária.

«[…] Quis contar a jornada de um escritor que espia, porque espiar parecia-me — como por outro lado é óbvio — um ofício muito parecido com o da literatura. Essa ideia de escrever a história de um escritor que tem uma tradição familiar de espionagem surgiu a partir da capa do primeiro número da revista barcelonesa Lateral, um dossier sobre espionagem e literatura. Encontrei o título do livro por acaso, no aeroporto de Lisboa, na capa de um disco da Amália Rodrigues onde ela aparecia muito jovem e bonita, e isso fez com que o título colocado ao lado da sua foto me parecesse ainda mais bonito e resplandecente. Sim. A combinação — no momento justo — entre a beleza da cantora e a graça do título Estranha Forma de Vida foi decisiva. Todos os escritores sérios, digamos, todos os verdadeiros escritores, levam uma estranha forma de vida. Quis aprofundar esta ideia. […]»
Enrique Vila-Matas

PORTO EDITORA

Kz9.000,00

2 em stock

Cyrano — assim o chamam aqueles que com ele têm confiança por causa do seu exagerado nariz — é escritor de ofício e herdeiro do incontido afeto pela espionagem que, durante gerações, foi cultivado na família. Vigia os vizinhos do bairro para documentar a novela em que está a trabalhar e investiga as semelhanças entre a escrita e a arte de averiguar. Ao mesmo tempo, regressa uma e outra vez àquele que foi o dia mais importante da sua vida, aquele em que teve de escolher entre um amor eterno e um passageiro, entre uma existência conservadora e uma outra, extraordinariamente revolucionária.

«[…] Quis contar a jornada de um escritor que espia, porque espiar parecia-me — como por outro lado é óbvio — um ofício muito parecido com o da literatura. Essa ideia de escrever a história de um escritor que tem uma tradição familiar de espionagem surgiu a partir da capa do primeiro número da revista barcelonesa Lateral, um dossier sobre espionagem e literatura. Encontrei o título do livro por acaso, no aeroporto de Lisboa, na capa de um disco da Amália Rodrigues onde ela aparecia muito jovem e bonita, e isso fez com que o título colocado ao lado da sua foto me parecesse ainda mais bonito e resplandecente. Sim. A combinação — no momento justo — entre a beleza da cantora e a graça do título Estranha Forma de Vida foi decisiva. Todos os escritores sérios, digamos, todos os verdadeiros escritores, levam uma estranha forma de vida. Quis aprofundar esta ideia. […]»
Enrique Vila-Matas