Mary John
Há semanas que ando a escrever-te. Não sei bem porquê. Não sei bem para quê. Quem és tu, Júlio Pirata? Ando a pensar na nossa história. Desde o princípio. Desde o primeiro encontro. Desde a primeira pergunta: “”És menino ou menina?””
Eu sou uma menina por tua causa, Júlio. Deixei crescer o cabelo para ti, furei as orelhas para ti. Eu vivo e morro para ti. Todos os meses tenho o período, morro um bocadinho e penso em ti. Tu dizes: “”Morreste!”” E eu morro. Atiro-me para o chão de qualquer maneira.
E eu não quero isso. Eu nunca mais quero morrer, Júlio. Eu quero viver para sempre. Todos os minutos de todas as horas de todos os dias.”
Numa longa carta dirigida a Júlio Pirata, Maria João faz o balanço dos anos vividos na praceta que ambos partilharam durante a infância e a adolescência. Entre a mágoa e o humor, Maria João organiza os seus pensamentos e emoções, concentrando forças para inaugurar um novo capítulo da sua história.
Depois de “Supergigante”, Ana Pessoa regressa com uma história intensa que capta magistralmente a adolescência, num livro com ilustrações de Bernardo P. Carvalho que vai conquistar todos os leitores adolescentes e adultos que apreciem grandes obras literárias