«A miséria marca o quotidiano dos dois personagens principais (e dos secundários também) e com isso o romance, seguramente um dos mais estimulantes de 2014, abre‑se para a atualidade que todos os dias nos entra pelos olhos dentro. […] Um romance que é uma ruína. Uma lembrança das guerras que nos destroem. Ontem, como hoje.»
— Luís Ricardo Duarte, Jornal de Letras
Uma cidadezinha atlântica portuguesa, hoje. Praia, casino, pescadores, peixeiras, doutores, bandidos, o rasto dos refugiados judeus da Segunda Guerra. Nesta terra consumida pela grandeza do passado — ou pela falsa memória de que foi grande — um homem escondeu‑se do mundo. Onde nem todos os polícias juntos o encontram. Fala com as pombas e com deusinhos gregos, tem um Olimpo de vitrine. Quem não fez isto e aquilo e aqueloutro naquela altura?
A vizinha de baixo arrasta as pantufas da velhice e da solidão, insulta as suas flores. Purificação já foi a mais bela mulher da cidade. O jogo do passado vem ter com a Borboleta. Um deus de província e do dinheiro sujo quer esmagá‑la. Morre o cão, acaba a raiva.
Um romance sobre um país que não encontra lugar no mundo. Da aflição das pessoas que procuram o amor, de fracasso em fracasso. Comédia humana onde, apesar de tudo, o mal pode morrer e a vida continuar.